Coração
palavra vil que se adianta
reflexo antes de ser objeto.
Natureza no seu mais deslumbrante aspecto
mais ainda vilania e enfim dejeto.
Orquídea contrariando a pulsação
intento sem fim
porque o espaço e o tempo são o novo de novo.
O poema não tem óbito e nem artéria
só tem veia, só tem dano
mas quem se dana mesmo nesse mundo pouco
é o amor, escravo eterno do princípio,
morte e fim tentando o suicídio.
VS
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Carne Duo
Minha carne não é carne sem a tua
é algo, sim, inominável,
indefectível sem ser permanente,
tolo,
sem vida,
sempre
no caminho
do que não era para existir.
VS
Vazio
Preencho o vazio em mim com minhas dúvidas
Aquelas, inconfessáveis
Mortas, por sua inexistência no mundo dos vivos
Sutis, como se não existissem.
Verdade não confirmada.
Luz sem clareza.
Abraço sem aperto.
Lançamento sem arremesso.
Dentro sem o avesso.
Sou indefinível, porque minhas muitas perguntas indefinem-me.
Ainda bem, ser desse mundo de certezas,
Talvez fosse demais.
VS
Derradeiro abismo
O preço mais cruel
Monstro mudo, monstro sem lugar, mas ainda monstro
amálgama último
que nos talha
entre a falha e o cadafalso.
primo distante
que nós ,
mortos ,
e incomparável da vida
é a insatisfação.
Nasce dessas entranhas o derradeiro abismo
e um cisma irrompe
do carisma
vemos na vida .
VS
terça-feira, 4 de outubro de 2016
Quero de volta
Quero de volta a mim mesmo
mesmo nu, pedindo socorro.
Quero a mim mesmo de volta
ao tormento, a chuva e ao esporro.
Quero mais uma volta comigo mesmo,
mas, calma, não há caminho sem alma.
Quero dar uma volta em mim mesmo
para ver se há lama no corpo em chamas.
Quero de volta
no bar, onde estabeleci meu governo,
o rock que sai do meu corpo.
Lá, luzes clamam roucas
por uma escuridão feita de sufoco
no corpo ausente onde morro.
É isso.
Quero a volta
em mim, de um trago novo
do amor, um beijo mudo e mais um pouco
do calor, na carne travestida de osso.
VS
mesmo nu, pedindo socorro.
Quero a mim mesmo de volta
ao tormento, a chuva e ao esporro.
Quero mais uma volta comigo mesmo,
mas, calma, não há caminho sem alma.
Quero dar uma volta em mim mesmo
para ver se há lama no corpo em chamas.
Quero de volta
no bar, onde estabeleci meu governo,
o rock que sai do meu corpo.
Lá, luzes clamam roucas
por uma escuridão feita de sufoco
no corpo ausente onde morro.
É isso.
Quero a volta
em mim, de um trago novo
do amor, um beijo mudo e mais um pouco
do calor, na carne travestida de osso.
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Oração
Livros, façam-nos serenos e fortes nos nossos díspares caminhos
Nos dê a benção de estarmos juntos mais algumas vezes
pois somos o fruto de um tempo sem frutos
somos a última colheita ante o caos
o ocaso para nós nada significa
pois, quando estamos juntos, calamos o desencontro, calamos o medo, calamos o silêncio.
VS
Nos dê a benção de estarmos juntos mais algumas vezes
pois somos o fruto de um tempo sem frutos
somos a última colheita ante o caos
o ocaso para nós nada significa
pois, quando estamos juntos, calamos o desencontro, calamos o medo, calamos o silêncio.
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Enredo
Parece claro agora, depois do desfile, que a veia do problema – o atraso da escola - foi o enredo lento demais deste ano, foi o samba que mergulhou num caos malandro, moroso e lerdo. Parecia um samba-canção de Candeia, de Cartola, de Monarco. Mas não deu. Neste ano quem ficou com o campeonato foi a escola que - militar - desfilou impecavelmente, pena que o samba não foi com ela.
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domingo, 2 de outubro de 2016
Lama, lamento
Para Chico Science
Como explicar a maldição benéfica de seus versos?
Irmão, estamos no mesmo barco em construção
Somos madeira semelhante da mesma cadeira
Somos a cerveja sem ter quem queira
Somos centro
Somos firmamento
Somos o cimento do castelo de ar onde o mar poético habita.
Caro irmão, que sonho você arquitetou
Que poeira alta você levantou
Que misérias a beleza de suas cantorias evitou
Salve! Salve! Salve o solto e o virado
Salve a serra e o serrote
O remendo e o corte
O tambor e o silêncio.
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Declaração de amor na guerra
Para Camila
Declaro a ti
toda paz
que meu coração em guerra
tortuosamente
faz com o teu.
Dois amantes
canhões de desejos
entrincheirados nada valem.
Eis minha bandeira,
meu amor,
a da celebração
juntos
próximos
amalgamados.
Guerra à rendição,
aos submissos,
nosso amor, altivo
é imperativo
é uma justa
de imemorial
relevância
contra
toda paz
nutrida de qualquer
inanição.
VS
Declaro a ti
toda paz
que meu coração em guerra
tortuosamente
faz com o teu.
Dois amantes
canhões de desejos
entrincheirados nada valem.
Eis minha bandeira,
meu amor,
a da celebração
juntos
próximos
amalgamados.
Guerra à rendição,
aos submissos,
nosso amor, altivo
é imperativo
é uma justa
de imemorial
relevância
contra
toda paz
nutrida de qualquer
inanição.
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Beth Gibbons
Ela
vergada
entre a
vontade e o estéreo
entre o
analógico e o mortal
entre o
perder e o desesperar
nas brumas
equalizadas pelo seu tabaco gêmeo
sua voz
elegantemente em mono
adianta-se
atira-se
no abismo que
a aproxima de nós,
ouvintes.
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Assassinato
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