domingo, 27 de maio de 2018

Santo que não cola

"Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada

Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada"
(Milton Nascimento, "Fé cega, faca amolada")

Dia desses, um santo 
Quebrou
Por dentro

Foi triste
Porque não há como colar 
aquilo que se rompe do interior profundo e insondável de suas próprias entranhas. 

VS

Levanta

"O artista é a antena da raça." (Ezra Pound)
Esse aforismo foi a frase que mais ouvi vinda da mente visceral e tortamente literária de meu amigo irmão Bruno Curcino, um eterno e rabugento humanista, a quem dedico este poema e busco inspiração para acordar amanhã e levantar esperançoso, ativo e forte.

Ontem é mais hoje do que imaginamos
Mais humanos? Quanta raiva reciclamos?
O que parecia muito é cobertor infantil no corpo adulto e cativo do frio
O mundo é mesmo um moinho como dizia o mestre que entendia que cada um precisa se encontrar
Estamos perdidos com um saco de bússolas nas nossas costas cansadas
É fato, mais do que gostaria de admitir no meu humanismo tonto e frouxo
O mundo dá voltas e passa pelos mesmos lugares, sobretudo, os sombrios
É um rio que forma um círculo feito de nós
Faz parecer finito e acabado o tudo, mas nessa hora
A poesia salva, a poesia cura, a arte levanta.

VS