segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Imprevisto

Hoje, uma figura singular que eu não conheço, entrou no meu blog e deixou um comentário que me surpreendeu, apesar de singelo. Muito bem, sei que muitos devem estar pensando, que venha a onipresente auto-ajuda... a questão não é essa, até porque os que me conhecem sabem que vejo com muitas ressalvas esse tipo de leitura, mas os fatos são inexoráveis. Uma garota entrou no meu blog para deixar uma mensagem bacana e ponto. Por incrível que pareça, para mim isso é inesperado, especialmente num mundo onde somos obrigados a ler textos que falham em autenticidade e sobram em pretensão, como os do Diogo Mainardi, que um ano ou mais atrás ousou falar de música sem razão nem paixão, ou seja, sem nada. Desede então, venho grilado e agora grito essas palavras mudas em desagravo (simbolista, talvez, mas em todo o caso...)

Pois é, o desqualificado do Diogo Mainardi, (des)articulista da Veja, afirma "A propalada musicalidade do brasileiro é um engodo", além de dizer inapropriadamente que "A música popular brasileira se resume a meia dúzia de sexagenários que continua a se arrastar pelos palcos, repetindo uma batida de quarenta anos atrás.". Realmente, há muito a dizer sobre esse engodo que é essa figura e ainda mais, muito mais, sobre a música desprezada por ele, pois Lenine, Los Hermanos, Chico Science, Seu Jorge, Cordel do Fogo Encantado, Monobloco, Andrea Marquee, etc., e os "não-citados" e "sexagenários" Caetano(por mais que eu não seja seu fã, sou obrigado a respeitá-lo), Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gil, Luís Melodia, sem falar em gênios menos conhecidos como Moacir Santos, Flora Purim, J.T. Meireles, Egberto Gismonti, entre tantos outros inquestionável e orgulhosamente brasileiros, não podem sob pretexto ou forma alguma, a não ser a da liberdade de opinião, serem ignorados ou desconhecidos por quem se aventura a escrever sobre a riquíssima cultura brasileira, nesse caso a música.

Meu medo é pelos desavisados que num deslize comecem a repetir sem pensar as máximas mínimas deste cidadão, que aventa a si mesmo uma competência que não tem, nem para provocar ou polemizar como a do crítico José Ramos Tinhorão, do qual contesto respeitosamente muitas idéias, porque elas tem substância, o que falta ao Sr. Mainardi, que avesso as suas possibilidades é desinformado e amargo na análise de um universo que não conhece e pelo lido, não quer conhecer. O que desejar a ele então...

Caro Sr. Mainardi, compre uns bons discos de música brasileira, peça talvez instruções ao vendedor ou a um amigo mais esclarecido e divirta-se em casa ouvindo-os. Você vai mudar de ouvidos. São os votos de um ouvinte devotado, mas não passional, de música brasileira.

Estéfani Martins, ouvindo Tim Maia Racional Vol. II

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