segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O Blues e a dor

“O blues não é nada além de um bom homem se sentindo mal.”, o autor não importa, a dor sim. Todos temos dores suportáveis ou não, que um dia, doem mais forte, são mais intensas em cumprir sua vocação de nos marcar indelevelmente com um tipo de aço que o tempo não corrói. Algumas marcas superam-se no propósito ou no despropósito e marcam o tempo, mesmo o tempo, até o tempo..e é , bem que nasce o blues. É nessa cicatriz, quase relativa, que dizer “I’m blue” faz sentido, é quando ele vira cântico, vira coro, vira urro desesperado, pouco mais que mudo, mas urro. É assim que nasce o blues, o samba canção, o samba de cotovelo, o choro(o nome não diz tudo)...é nessa terra que nascem e apodrecem homens. É com esse canto, é com esse lamento que eles acordam, adormecem, morrem....e são lembrados como deuses de um Olimpo negro e reluzente, onde nãodonos, feitores, patrões... pedaços vivos de todos nós, persistentes na sua sina, às vezes cínica, de esperar...

Estéfani, ouvindo Negro Prison Blues, Rosie(recolhido pelo pesquisador Alan Lomax no início do século XX nos EUA)

Nenhum comentário: