Quando a velhice em mim chegar
Quero ser o que sonhei na juventude
Sonhando o que serei na juventude que virá.
E o que sou hoje lá não serei mais
Enquanto estarei deixando de ser
Aquilo que deixei e que fui, atrás.
Dos meus amores, quero as cartas
E as doces lembranças dos beijos
E dos pecados que não vivemos.
Quando a velhice chegar, não quero sofrer
Pelos amores que não vivi por covardia
Ou pêlos que tive quando não os queria.
Ah, quando a velhice chegar
Quero dizer aos meus amigos:
- Fomos mais do que pensávamos.
E se não formos ainda assim direi:
- Sonhamos muito mais que fomos
E vivemos muito mais, porque sonhamos.
Serei doce pelas palavras e lembranças
Forte pelas duras batalhas vencidas
E ditoso pela bem cumprida jornada.
E ainda assim se eu nada dizer, ao morrer
E nada mais de mim restar quero apenas que
Digam que eu era alguém que sonhava.
(Lígia
Prado - amiga, mestra e referência para a vida toda. Lígia é uma das pessoas mais importantes na minha existência. Suas palavras, seus versos, suas ironias, sua generosidade e suas inconfudíveis risadas ecoam em mim - sempre e intensamente.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário