quarta-feira, 25 de julho de 2007

Aqui, Jazz


Era um bêbado desses comuns, que parecem parte da nossa família que dorme pelos alpendres e calçadas de nossas casas. Num tempo que o gin apagou, era um grande trompetista. Caiu em desgraça na ocasião em que foi a um dentista e se apaixonou por ele. Justo quando ele arrancava o seu siso. Como naquele tempo, esse era “o amor que não ousa dizer o nome”, como bem disse Wilde. Ele foi seguidamente ao dentista, que arrancou-lhe todos os dentes, por respeito a uma desculpa muito bem engendrada, sem, contudo, perder algumas desconfianças. 

Quando não lhe restavam mais dentes e seu trompete era bailarina bêbada em boca movediça. Pulou, num salto solo, da cadeira de prazeres daquele consultório quase alcova. Sua queda tinha como alvo o motor que dava força aos instrumentos do homem. Encontrou seu ocaso. Estava à procura de dentes. 

VS e Cecil Taylor ao piano

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